sábado, 8 de março de 2014

Aprendendo com Damázio e Ferreira

A educação escolar da pessoa com surdez Segundo Damazio e Ferreira
         
A pessoa com surdez não deve ser compreendida como uma pessoa deficiente pois ela não o é, ela é uma pessoa que tem perda sensorial auditiva, e que possui todos os seus mecanismos de aprendizagem reservados. Damazio e Ferreira (2010).
       Por isso, devemos acabar com os confrontos acerca de qual tendência é a melhor a ser adotada, devemos utilizar uma abordagem a qual leve o aluno a participar da comunidade ouvinte sem perder suas peculiaridades de não ouvinte. Pois se as pessoas com surdez participarem de um ambiente estimulador que lhes propiciem o desenvolvimento de suas potencialidades ela não terá nenhuma dificuldade para aprendizagem, porém não se pode negar que o nosso sistema educacional necessita de reformas, pois os alunos ouvintes muitas vezes passam pelas séries iniciais sem  serem alfabetizados.
O problema da educação das pessoas com surdez não pode continuar sendo centrado nessa ou naquela língua, como ficou até agora, mas deve levar-nos a compreender que o foco do fracasso escolar não está só nessa questão, mas também na qualidade e na eficiência das práticas pedagógicas. (Damazio e Ferreira)
        O bilingüismo trás uma proposta inovadora que perpassa o oralismo e a comunicação total, entende-se que não se pode preparar o aluno com surdez para atuar na comunidade ouvinte utilizando apenas as práticas oralistas, negando a gestualidade, também não se pode segregar este aluno em guetos criando uma cultura surda, pois a libra não e uma língua que territorializa.
 Para nós, a pessoa com surdez não é estrangeira em seu próprio país, mas usuária de um sistema lingüístico com características e status próprios, no qual cognitivamente se organiza e estrutura o pensamento e a linguagem nos processos de mediação simbólica, na relação da linguagem/pensamento/realidade e práxis social.
         È preciso sim, o ensino de libras em consonância com a língua portuguesa, porém o uso da língua de sinais nas escolas não ira resolver os problemas, visto que  as pessoas ouvintes também apresentam problemas de aprendizagem  mesmo chegando na escola apresentando a língua oral, é necessário que a escola ofereça não só apenas para a pessoa com surdez, mas também para os alunos ouvintes condições favoráveis para aprendizagem, é preciso que a escola ofereça condições destes alunos estabelecerem mediações simbólicas com o meio físico e social,  provoque a capacidade representativa dessas pessoas, desenvolva o pensamento, a linguagem e a produção de sentidos.
A aquisição da língua de sinais, de fato, não é garantia de uma aprendizagem significativa. O ambiente em que a pessoa com surdez está inserida, em especial, o da escola comum, uma vez que não lhe oferece condições para que se estabeleçam mediações simbólicas com o meio físico e social, não exercita ou provoca a capacidade representativa dessas pessoas, conseqüentemente, compromete o desenvolvimento do pensamento, da linguagem e da produção de sentidos.
       O Atendimento educacional para pessoas com surdez por meio da política nacional de educação na perspectiva da educação inclusiva  vem com uma proposta de disponibilizar  recursos para que aconteça o atendimento como função de organizar e complementar o trabalho da classe comum.
O Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas  ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo. (Damazio e Ferreira).

                    Assim sendo, a organização didática do AEE PS é idealizada mediante a formação do professor e do diagnóstico inicial do aluno com surdez, em seguida, o professor elabora o plano AEE PS, envolvendo três momentos didático-pedagógicos: Atendimento Educacional Especializado em Libras; Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa escrita; e o atendimento educacional especializado para o ensino de Libras. Este plano de AEE PS deve respeitar o ambiente comunicacional das duas línguas e a participação ativa e interativa dos alunos com surdez, assegurando uma aprendizagem efetiva.
O AEE em Libras ocorre diariamente, em horário contrário aos das sala de aula comum. Nesse atendimento, o professor acompanha o plano de conteúdo oficial da escola de acordo com a série ou ciclo que o aluno está cursando. A organização didática do espaço de ensino é rica em imagens visuais e de todos tipos de referências que possam colaborar com o aprendizado dos conteúdos curriculares.
O AEE de libras constitui um momento didático-pedagógico para os alunos com surdez incluídos na escola comum. O atendimento inicia-se com o diagnóstico do aluno e ocorre de acordo com a necessidade, em horário contrário aos das aulas, na sala de aula comum. Esse trabalhado é realizado pelo professor e/ou instrutor de libras (preferencialmente, por profissionais com surdez), de acordo com o estágio de desenvolvimento da língua de sinais em que o aluno se encontra. O atendimento deve ser planejado com base no diagnóstico do conhecimento que o aluno tem a respeito da língua de sinais.
O Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa acontece na sala de recursos multifuncionais e em horário diferente ao da sala comum. O ensino é desenvolvido por um professor, preferencialmente, formado em Língua Portuguesa e que conheça os pressupostos lingüísticos teóricos que norteiam o trabalho, e que, sobretudo acredite nesta proposta estando disposto a realizar as mudanças para o ensino do português aos alunos com surdez. (Damazio e Ferreira)


      Permitir que as pessoas com surdez se apropriem dos atos de produção de textos em quaisquer sistemas semióticos, especialmente dos sistemas lingüísticos – em sua modalidade escrita – é torná-las competentes em seus discursos, dar-lhes oportunidades de interações nas práticas escritas da língua oficial, torná-las sujeito de saber e poder, com criatividade e arte. 

Referencias bibliográficas: 

Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção, p. 46-57.




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