SURDOCEGUEIRA
X DMU (DEFICIÊNCIA MÚLTIPLAS)
Muito
se acredita que a DMU ( Deficiência Múltipla) é a mesma coisa que
surdocegueira, ou melhor, a maioria das pessoas acreditavam que a
surdocegueira estava inclusa nas deficiências múltiplas. Porém, a
realidade é que ambas se distinguem uma da outra.
1.
Definição e Implicações da Surdocegueira. Denomina-se surdocego
àquele que possui dificuldades visuais e auditivas,
independentemente da sua quantidade.
Surdocegueira
é uma deficiência que apresenta perda auditiva e visual
concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa com
surdocegueira a desenvolver várias formas de comunicação para
entender e interagir com as pessoas e o meio ambiente, de forma a ter
acesso às informações, vida social com qualidade, orientação,
mobilidade, educação e trabalho. Grupo Brasil – 2003
A
surdocegueira é uma limitação que se caracteriza por:
-
Sérios problemas relacionados com a comunicação com o meio.
-
Sérios problemas relacionados com a orientação no meio.
-
Sérios problemas relacionados à obtenção de informação.
(McINES, John Programming for congenital and early adventitios
deafblind adults).
2.
Tipos de Surdocegueira
A
surdocegueira pode ser:
•
Congênita
•
Adquirida
CONGÊNITA:
Denomina-se surdocego congênito quem nasce com esta única
deficiência,
como por exemplo pela rubéola adquirida no ventre da mãe.
ADQUIRIDA:
A surdocegueira adquirida é quando a pessoa nasce ouvinte, vidente,
surda
ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdocegueira.
Na
surdocegueira adquirida o indivíduo deverá aprender a usar os
canais sensoriais remanescentes para receber informações
sensoriais. Bem também como aprender de maneira tátil atividades
que sabia fazer.
Já
na congênita é preciso aprender a usar os canais sensoriais
remanescentes para receber informações sensoriais. Aprender pelo
tato para desenvolver conceitos e linguagem- cognição tátil.
2.
Definição e Implicação da Deficiência Múltipla (DMU).
“O
termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência,
para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências
associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de
comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas
alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o
nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de
comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as
necessidades educacionais dessas pessoas”. (MEC, SEESP, Educação
Infantil: Saberes e práticas da inclusão; 4, 2003, p. 11 ).
São
consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-visual
(MDVI), quando há a Deficiência Visual (baixa visão ou cegueira)
associada a uma ou mais deficiências (intelectual, física/ motora)
ou a transtornos globais do desenvolvimento e distúrbios de
comunicação e que necessita de programas que favoreçam o
desenvolvimento das habilidades funcionais dessas pessoas, visando ao
máximo de sua independência e uma comunicação eficiente. (MAIA et
al, 2008, p.14).
São
consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-auditiva
(MDHI) quando há deficiência auditiva/surdez associada à
deficiência intelectual ou a deficiência físico motora ou a ambas,
ou a Transtornos Globais do Desenvolvimento. (MAIA et al, 2008,
p.14).
Tanto
na surdocegueira como na Deficiência Múltipla, em ambos os casos é
necessário:
Iniciar
as instruções com atividades das mais
simples
para as mais complexas.
•
Dividir
as instruções em etapas;
•
Partir
do concreto para o abstrato;
•
Respeitar
o ritmo de aprendizagem;
•
Repetir
as instruções/atividades em situações
variadas,
de forma diversificada;
•
Explicar
o que poderá acontecer em situações
novas,
como por exemplo, no inicio da aula de
educação
física, as regras de um jogo novo;
•
Dar
suporte e orientação aos que cuidam da
pessoa
com deficiência;
A
comunicação na DMU COMUNICAÇÃO acontece nas interações
sociais e envolve a comunicação receptiva e expressiva a
comunicação envolve a transmissão de informação entre dois ou
mais indivíduos e pode realizar-se por meio do uso de formas de
comunicação simbólicas ou não simbólicas. Estabelecer a
necessidade para comunicar (para ajudar a criança a ter uma razão
para comunicar. pode fazer-se uma pausa numa rotina agradável);
criar oportunidades para a criança poder comunicar na rotina;
aceitar e reforçar os atos comunicativos usados pela criança;
observar a forma, a função e as intenções comunicativas dos
comportamentos comunicativos e descrevê-las cuidadosamente; observar
se há consistência na comunicação;
Modos
de comunicação:
Existem
dois modos, os de Comunicação Expressiva e os de Comunicação
Receptiva:
Saída
Motora/Oral
Vocalizações:
choro, arrulho, murmúrio, gorjeio, grunhido, riso, choramingo,
grito.
Sons
vogais, pares consoante-vogal, jargões similares a palavras
Palavras
faladas
Entrada
Visual
Expressões
faciais
Gestos
Língua
de sinais
Símbolos
de objetos
Símbolos
de imagens
Palavras
impressas
Saída
Motora/
Movimentos
Corporais (cabeça, membros, mudança postural no tônus do corpo)
Expressões
faciais
Gestos
Olhar
fixo
Sinais
manuais
Entrada
Auditiva
Sons
do ambiente
Registro
e entonação da fala
Palavras
faladas
Saída
Aumentativa/ Alternativa
(exige
comportamento seletivo motor/gestual e
compreensão
de sistema simbólico)
Símbolos
táteis
Símbolos
de imagem
Símbolos
de objeto
Palavras
escritas
Aparelhos
de comunicação de alta tecnologia que
utilizem
um dos sistemas simbólicos acima
Entrada
Tátil
Manuseio/toque/movimento
Sugestões
por toques específicos
Símbolos
de objeto
Sinais
táteis (mão com mão)
Palavras
em Braille
Abaixo
listamos alguns aspectos que podem influenciar nas interações da
pessoa com deficiência múltipla e surdocegueira congênita:
•
O
tempo em que esteve separada dos pais, no caso de ter ficado
internado na unidade dos cuidados
intensivos,
•
Os
problemas de saúde graves que podem levá-la a ter pouco contato
físico com os pais,
•
Os
níveis de alerta muito baixos podem não ser suficientes para que
estabelecer a vinculação;
•
Os
níveis de agitação extremamente elevados conduzem a uma super
estimulação,
•
As
pistas de comunicação são de difícil processamento,
•
As
limitadas capacidades que o adulto tem para ler e dar pistas as
pessoas com deficiências múltiplas (Fraiberg, 1977;van Dijk, 1999).
Referências
Bibliográficas:
SERPA,
Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira.
Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas,
INSOR-Colômbia 2002.
MAIA,
Rodrigue Shirley: Deficiência Múltipla Deficiência Múltipla
Sensorial/ Surdoceguiera, Fortaleza, 2013;