segunda-feira, 21 de abril de 2014

DIFERENCIANDO SURDOCEGUEIRA E DMU

SURDOCEGUEIRA X DMU (DEFICIÊNCIA MÚLTIPLAS)

Muito se acredita que a DMU ( Deficiência Múltipla) é a mesma coisa que surdocegueira, ou melhor, a maioria das pessoas acreditavam que a surdocegueira estava inclusa nas deficiências múltiplas. Porém, a realidade é que ambas se distinguem uma da outra.
1. Definição e Implicações da Surdocegueira. Denomina-se surdocego àquele que possui dificuldades visuais e auditivas, independentemente da sua quantidade.
Surdocegueira é uma deficiência que apresenta perda auditiva e visual concomitantemente em diferentes graus, levando a pessoa com surdocegueira a desenvolver várias formas de comunicação para entender e interagir com as pessoas e o meio ambiente, de forma a ter acesso às informações, vida social com qualidade, orientação, mobilidade, educação e trabalho. Grupo Brasil – 2003
A surdocegueira é uma limitação que se caracteriza por:
- Sérios problemas relacionados com a comunicação com o meio.
- Sérios problemas relacionados com a orientação no meio.
- Sérios problemas relacionados à obtenção de informação. (McINES, John Programming for congenital and early adventitios deafblind adults).
2. Tipos de Surdocegueira
A surdocegueira pode ser:
Congênita
Adquirida
CONGÊNITA: Denomina-se surdocego congênito quem nasce com esta única
deficiência, como por exemplo pela rubéola adquirida no ventre da mãe.
ADQUIRIDA: A surdocegueira adquirida é quando a pessoa nasce ouvinte, vidente,
surda ou cega e adquire, por diferentes fatores, a surdocegueira.
Na surdocegueira adquirida o indivíduo deverá aprender a usar os canais sensoriais remanescentes para receber informações sensoriais. Bem também como aprender de maneira tátil atividades que sabia fazer.
Já na congênita é preciso aprender a usar os canais sensoriais remanescentes para receber informações sensoriais. Aprender pelo tato para desenvolver conceitos e linguagem- cognição tátil.

2. Definição e Implicação da Deficiência Múltipla (DMU).
O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para caracterizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas”. (MEC, SEESP, Educação Infantil: Saberes e práticas da inclusão; 4, 2003, p. 11 ).
São consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-visual (MDVI), quando há a Deficiência Visual (baixa visão ou cegueira) associada a uma ou mais deficiências (intelectual, física/ motora) ou a transtornos globais do desenvolvimento e distúrbios de comunicação e que necessita de programas que favoreçam o desenvolvimento das habilidades funcionais dessas pessoas, visando ao máximo de sua independência e uma comunicação eficiente. (MAIA et al, 2008, p.14).
São consideradas pessoas com deficiência múltipla sensorial-auditiva (MDHI) quando há deficiência auditiva/surdez associada à deficiência intelectual ou a deficiência físico motora ou a ambas, ou a Transtornos Globais do Desenvolvimento. (MAIA et al, 2008, p.14).

Tanto na surdocegueira como na Deficiência Múltipla, em ambos os casos é necessário:
Iniciar as instruções com atividades das mais
simples para as mais complexas.
Dividir as instruções em etapas;
Partir do concreto para o abstrato;
Respeitar o ritmo de aprendizagem;
Repetir as instruções/atividades em situações
variadas, de forma diversificada;
Explicar o que poderá acontecer em situações
novas, como por exemplo, no inicio da aula de
educação física, as regras de um jogo novo;
Dar suporte e orientação aos que cuidam da
pessoa com deficiência;
A comunicação na DMU COMUNICAÇÃO acontece nas interações sociais e envolve a comunicação receptiva e expressiva a comunicação envolve a transmissão de informação entre dois ou mais indivíduos e pode realizar-se por meio do uso de formas de comunicação simbólicas ou não simbólicas. Estabelecer a necessidade para comunicar (para ajudar a criança a ter uma razão para comunicar. pode fazer-se uma pausa numa rotina agradável); criar oportunidades para a criança poder comunicar na rotina; aceitar e reforçar os atos comunicativos usados pela criança; observar a forma, a função e as intenções comunicativas dos comportamentos comunicativos e descrevê-las cuidadosamente; observar se há consistência na comunicação;

Modos de comunicação:

Existem dois modos, os de Comunicação Expressiva e os de Comunicação Receptiva:

Saída Motora/Oral
Vocalizações: choro, arrulho, murmúrio, gorjeio, grunhido, riso, choramingo, grito.
Sons vogais, pares consoante-vogal, jargões similares a palavras
Palavras faladas

Entrada Visual
Expressões faciais
Gestos
Língua de sinais
Símbolos de objetos
Símbolos de imagens
Palavras impressas


Saída Motora/
Movimentos Corporais (cabeça, membros, mudança postural no tônus do corpo)
Expressões faciais
Gestos
Olhar fixo
Sinais manuais

Entrada Auditiva
Sons do ambiente
Registro e entonação da fala
Palavras faladas

Saída Aumentativa/ Alternativa
(exige comportamento seletivo motor/gestual e
compreensão de sistema simbólico)
Símbolos táteis
Símbolos de imagem
Símbolos de objeto
Palavras escritas
Aparelhos de comunicação de alta tecnologia que
utilizem um dos sistemas simbólicos acima


Entrada Tátil
Manuseio/toque/movimento
Sugestões por toques específicos
Símbolos de objeto
Sinais táteis (mão com mão)
Palavras em Braille

Abaixo listamos alguns aspectos que podem influenciar nas interações da pessoa com deficiência múltipla e surdocegueira congênita:
O tempo em que esteve separada dos pais, no caso de ter ficado internado na unidade dos cuidados
intensivos,
Os problemas de saúde graves que podem levá-la a ter pouco contato físico com os pais,
Os níveis de alerta muito baixos podem não ser suficientes para que estabelecer a vinculação;
Os níveis de agitação extremamente elevados conduzem a uma super estimulação,
As pistas de comunicação são de difícil processamento,
As limitadas capacidades que o adulto tem para ler e dar pistas as pessoas com deficiências múltiplas (Fraiberg, 1977;van Dijk, 1999).


Referências Bibliográficas:

    SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicacion para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.

MAIA, Rodrigue Shirley: Deficiência Múltipla Deficiência Múltipla Sensorial/ Surdoceguiera, Fortaleza, 2013;